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Observando a vida

Seguidamente, pus-me a observar todas as opressões que se praticam sobre a face da Terra, as lágrimas dos oprimidos, sem haver ninguém que intervenha a favor deles, ao mesmo tempo que o poder se concentra do lado dos opressores. Acho que os mortos são mais felizes do que os vivos. Mais felizes do que uns e outros são os que ainda não nasceram e não viram todas as maldades que se praticam na Terra.

Então descobri que a força que impele os homens para o sucesso é a inveja para com o seu próximo. Também isto é ilusão e uma corrida atrás do vento!

O tolo cruza os braços e não quer trabalhar, quase preferindo morrer de fome. Está convencido que é melhor conquistar uma mão-cheia de descanso do que duas mãos-cheias de canseira, correndo atrás do vento.

Observei também outra situação absurda que existe sobre a Terra. É o caso do homem que vive absolutamente sozinho, sem filhos e sem irmãos, e que mesmo assim trabalha, sem descanso, para enriquecer cada vez mais. A quem vai ele deixar o que tem, afinal? Porque se priva ele de tanto? Esta é, sem dúvida alguma, uma forma errada e absurda de viver.

O trabalho realizado por dois é sempre mais proveitoso. 10 Se um cair, o outro levanta-o; se estiver sozinho, ao cair, ver-se-á em grande dificuldade. 11 Também, numa noite fria, se dois dormirem juntos, poderão aquecer-se um ao outro, mas como se aquecerá aquele que dorme só? 12 Duas pessoas podem resistir melhor a um ataque do que uma só. Um cordão de três dobras não rebenta com facilidade!

13 Vale muito mais um jovem pobre, mas sábio, do que um rei velho e insensato que recusa todo e qualquer conselho. 14 E isso, ainda que tal jovem tenha saído da prisão para reinar ou tenha nascido na pobreza. 15 Toda a gente correria a ajudar um jovem nessas condições, que há de suceder ao rei. 16 Pois poderá tornar-se o chefe de toda uma nação e ser muito popular. No entanto, as gerações seguintes não virão a ter por ele nenhum entusiasmo. Mais uma vez, tudo isto é ilusão! É como andar atrás do vento!

Os males e as tribulações da vida

Depois, voltei-me e atentei para todas as opressões que se fazem debaixo do sol; e eis que vi as lágrimas dos que foram oprimidos e dos que não têm consolador; e a força estava da banda dos seus opressores; mas eles não tinham nenhum consolador. Pelo que eu louvei os que já morreram, mais do que os que vivem ainda. E melhor que uns e outros é aquele que ainda não é; que não viu as más obras que se fazem debaixo do sol. Também vi eu que todo trabalho e toda destreza em obras trazem ao homem a inveja do seu próximo. Também isso é vaidade e aflição de espírito. O tolo cruza as suas mãos e come a sua própria carne. Melhor é uma mão cheia com descanso do que ambas as mãos cheias com trabalho e aflição de espírito.

Outra vez me voltei e vi vaidade debaixo do sol. Há um que é só e não tem segundo; sim, ele não tem filho nem irmã; e, contudo, de todo o seu trabalho não fim, nem os seus olhos se fartam de riquezas; e não diz: Para quem trabalho eu, privando a minha alma do bem? Também isso é vaidade e enfadonha ocupação.

Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. 10 Porque, se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante. 11 Também se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um como se aquentará? 12 E, se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.

13 Melhor é o jovem pobre e sábio do que o rei velho e insensato, que se não deixa mais admoestar. 14 Porque um sai do cárcere para reinar; sim, um que nasceu pobre no seu reino. 15 Vi todos os viventes andarem debaixo do sol com o jovem, o sucessor, que ficará em seu lugar. 16 Não tem fim todo o povo, todo o que ele domina; tampouco os descendentes se alegrarão dele. Na verdade que também isso é vaidade e aflição de espírito.

Depois percebi que existem muitas pessoas oprimidas neste mundo. Vi os oprimidos chorando sem ter quem os consolassem. Vi algumas pessoas sendo oprimidas por pessoas cruéis no poder e não havia quem as consolassem. Concluí que estão melhor os que já morreram que os que ainda estão vivos e que os que nunca nasceram tiveram melhor sorte que todos eles porque não tiveram que ver todo o mal que é feito aqui, “debaixo do sol”.

Vi que as pessoas tentam triunfar e querem ser melhores do que os outros por inveja; não gostam que os outros tenham mais do que elas. Isso também é ilusório, é como tentar segurar o vento.

Alguns dizem que é tolice cruzar os braços e não fazer nada,
    e a pessoa que não trabalhar morrerá de fome.

Talvez isso esteja certo,

mas acho que é melhor estar satisfeito com o pouco que se tem
    do que estar sempre lutando para conseguir mais.

Comprovei uma coisa mais que não faz sentido: há pessoas que não têm família, nem um filho nem um irmão e mesmo assim continuam trabalhando duro. Nunca estão satisfeitas com o que têm, trabalham duro e nenhuma delas se detém para se perguntar: “Para que estou trabalhando tão duro? Por que não desfruto da vida?” Isso também não faz sentido.

Dois é melhor do que um, pois trabalhar unidos é melhor para ambos. 10 Se um cair, o outro o levanta. Mas aquele que está sozinho padece muito quando cai porque não tem quem o ajude. 11 Se dois se deitam juntos, se aquecerão, mas se alguém dorme sozinho, não haverá quem o aqueça. 12 Uma pessoa sozinha pode ser vencida, mas dois se defendem melhor. E três pessoas são ainda por cima mais fortes. Elas são como uma corda de três fios a qual não pode ser rompida facilmente.

13 É melhor ser jovem pobre mas sábio, do que rei velho mas néscio, porque este último já não leva em consideração os conselhos que recebe. 14 Talvez esse jovem tenha nascido pobre nesse reino ou tenha saído da prisão para tomar o poder, 15 mas conheço bem as pessoas e sei que seguirão àquele jovem e ele será o novo rei. 16 Serão muitos os seguidores desse jovem, ainda que depois eles mesmos já não se sentirão bem com ele. Isso também é ilusório, é como tratar de segurar o vento.